São vários os bons motivos para se morar ou conhecer a Cidade de Goiás
(GO). Entre eles está o de a Cidade ostentar por 15 anos o título de Patrimônio
Mundial, completados nesta quinta-feira, 15 de dezembro. O Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), atuante na preservação do
conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico do Centro Histórico de Goiás
– protegido pelo órgão desde 1987, participou das festividades do marco
histórico, e entregou à população o Mercado Municipal restaurado, pronto para
ser reaberto.
A cerimônia de inauguração do centro comercial de maior destaque do
local, inaugurado em 1926, contou com a presença do governador de Goiás,
Marconi Perillo, da presidente do Iphan, Kátia Bogéa, acompanhada pelo diretor
do PAC Cidades Históricas, Robson de Almeida, pela superintendente do Iphan-GO,
Salma Saddi, e pela prefeita da cidade de Goiás, Selma Bastos.
O processo de restauração ocorreu de portas abertas, possibilitando a
presença dos comerciantes e intensa participação da comunidade durante toda a
obra. O governador Marconi Perillo agradeceu a parceria e o trabalho realizado
pelo Iphan na cidade em Goiás e todo o Brasil. “Presto meu reconhecimento como
governador de estado e como cidadão, muito obrigado ao Iphan e ao Ministério da
Cultura pelo trabalho de preservação. Obrigado também à Unesco, por ter se
lembrado naquela época de uma cidade encrustada no centro do Brasil, e ter nos
feito a advertência, de que que foi difícil conquistar o título, mas que ainda
mais difícil seria manter o patrimônio”, concluiu.
Financiada com recursos do PAC Cidades Históricas, custando R$ 10
milhões, a restauração garantiu a revisão completa de todo o sistema elétrico e
hidrossanitário do mercado. Entre outros benefícios estão implantação de
sistema de proteção contra raios, sistema de proteção contra incêndio, sistema
de gás canalizado, sanitários acessíveis e em capacidade de atendimento
superior às normas nacionais.
“O Mercado Municipal de Goiás é um claro exemplo de que investir no
Patrimônio Cultural Brasileiro é essencial para o fortalecimento das políticas
públicas voltadas para o desenvolvimento socioeconômico do país, além de
reforçar o sentimento de pertencimento dos brasileiros em relação aos bens
culturais nacionais, tão valorizados pelo instituto desde sua criação, há quase
80 anos”, disse Kátia Bogéa.
As intervenções duraram cerca de dois anos e preservaram as principais
características do Mercado, mantendo os aspectos que o aproximam da arquitetura
neoclássica, que era tendência no início do século XX, em Goiás.
Patrimônio Mundial há 15 anos
O conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico do Centro
Histórico de Goiás foi tombado pelo Iphan em 1978 e o
reconhecimento como Patrimônio Mundial, pela UNESCO, veio em 16 de
dezembro de 2001. E para comemorar os 15 anos de Patrimônio da Humanidade, a
Prefeitura de Goiás promove uma programação especial,
com atividades que iniciam no dia 15 e vão até o dia 18 de dezembro.
A cidade de Goiás é testemunha da ocupação e da colonização do Brasil
Central nos séculos XVIII e XIX. As origens da cidade estão intimamente ligadas
à história das bandeiras que partiram principalmente de São Paulo para explorar
o interior do território brasileiro.
A expansão para o oeste do Brasil exigiu a simplificação dos modelos
arquitetônicos vigentes na época, devido à ausência de técnicos, arquitetos e
mestres de ofícios na região. Goiás foi o primeiro núcleo urbano oficialmente
reconhecido ao oeste da linha de demarcação do Tratado de Tordesilhas, que
definiu originalmente as fronteiras da colônia portuguesa. O seu traçado urbano
é um exemplo do desenvolvimento orgânico de uma cidade mineradora adaptada às
condições do sítio. Apesar de modesta, tanto a arquitetura pública quanto a
privada formam um conjunto harmonioso, graças ao coerente uso dos materiais
locais e das técnicas aplicadas.
A cidade desenvolveu-se entre morros, ao longo do Rio Vermelho. A sua
margem direita possui ocupação de caráter popular, onde se destacam as igrejas
do Rosário, originalmente reservada aos escravos, de Santa Bárbara, de Nossa
Senhora do Carmo e de Nossa Senhora da Abadia. Na sua margem esquerda
encontram-se os edifícios oficiais mais representativos, como a Igreja Matriz
de Santana (hoje Catedral), o Palácio do Governo (Conde dos Arcos), o Quartel
do Vinte, a Casa de Fundição, a Casa de Câmara e Cadeia (hoje Museu das
Bandeiras) e o Chafariz de Cauda.
PAC Cidades Históricas
O PAC Cidades Históricas está sendo implantado em 44 cidades de 20
estados da federação. O investimento em obras de restauração é de R$ 1,6
bilhão, destinado a 425 obras de restauração de edifícios e espaços públicos.
Em Goiás, além do Mercado Municipal, já foram entregues as obras do Casarão da
Escola de Artes Veiga Valle, da Ponte da Cambaúba e o Arquivo Diocesano Dom
Tomás Balduíno, da Sede da Diocese de Goiás. Atualmente mais duas obras estão
em andamento na cidade, a restauração do Cine Teatro São Joaquim e a sede da
Prefeitura Municipal, com previsão de investimento de R$ 28 milhões.
Fonte das Imagens: Site Iphan
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