quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Centro Cultural e Memória Encruzilhadense

Finalmente, fui aprovado no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNISC. Agora sou Arquiteto e Urbanista, e posso então divulgar o projeto do meu TFG - Trabalho Final de Graduação, que consiste no projeto de um Centro Cultural na minha Cidade - Encruzilhada do Sul, no terreno onde hoje funciona a Feira do Produtor Rural.

Abaixo, uma breve descrição do projeto, as pranchas entregues no TFG e algumas imagens, as quais foram feitas em colaboração com a Arquiteta Juliana Brands.

“Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro.”
Albert Camus

CONSTRUÍNDO UM ESPAÇO CULTURAL - VALORIZANDO O PATRIMÔNIO HISTÓRICO 

Buscando valorizar a região central da cidade, carente de opções culturais e de lazer, e objetivando valorizar o patrimônio histórico de Encruzilhada do Sul, através da requalificação de duas pré-existências, a proposta de um centro cultural busca estimular o encontro e a convivência como forma de promover e instigar as mais diversas possibilidades de manifestações culturais e artísticas, trazendo para a cidade um espaço de valorização da cultura local, espaço hoje inexistente no município.
Deste modo, a concepção projetual visa apresentar um Centro de Cultura e divulgação da memória de Encruzilhada do Sul para a comunidade local, proporcionando para a referida sociedade informações culturais, entretenimento e lazer através de um complexo que abrigue Auditório, Salas de Exposições, Ateliês, Oficinas de arte, Biblioteca e demais espaço para convivência e interação.

Atualmente, na cidade, existe uma Biblioteca Pública e uma Casa de Cultura destinados à atender as demandas culturais do município, porém, ambos os espaços estão defasados e não apresentam estrutura apropriada para os fins aos quais se apresentam. Um centro cultural busca estimular o encontro e a convivência como forma de promover e instigar as mais diversas possibilidades de manifestações culturais e artísticas, trazendo para a cidade um espaço de valorização de sua cultura.
Diante desta conformação – e tendo a valorização da cultura local e requalificação das pré-existências como elementos definidores do projeto, a proposta do Centro Cultural e Memória Encruzilhadense busca valorizar a memória coletiva da sociedade local, ao mesmo tempo quem que propõe uma retomada do crescimento econômico da área central da cidade e posterior apropriação democrática do espaço urbano pela população.

CONSTRUÍNDO UM ESPAÇO CULTURAL - O CONCEITO DE PRESERVAÇÃO - O VELHO E O NOVO

Ao pensar a preservação do Patrimônio Cultural existente no lote, depara-se com duas pré-existências de diferentes estilos. uma em estilo colonial, datada de 1887, e outra em estilo eclético, datada do começo do Século XX. Ambas são passíveis de preservação, visto serem edificações importantes na memória coletiva da comunidade local. Porém, ao analisar-se as duas edificações em questão, as diferenças entre ambas vem à tona, como a diferença de estilo arquitetônico, diferença de tamanho, de altura, estrutura e cobertura.

A questão que se impôe ao pensar o projeto é como conciliar o novo e ao mesmo tempo preservar sem interferir em duas edificações de significativo valor arquitetônico, e diferentes entre si.

Partindo do conceito de se manterem intactas as fachadas principais das duas pré-existências, alterando somente o interior de ambas, nos deparamos com os conceitos de restauro de Camilo Boito, o qual diz que é necessário fazer o impossível, fazer milagres para conservar no monumento o seu velho aspecto artístico e pitoresco e que os complementos, se indispensáveis e as adições, se não podem ser evitadas, demonstrem não ser obras antigas, mas obras de hoje.

Do exposto acima, toma-se como partido não confundir o “velho” e o “novo”. Às duas edificações históricas pré-existentes, será adicionada uma nova, além de uma possível ligação entre os dois prédios existentes. Entre o existente e novo projeto temos mais de um Século de diferença. Não podem haver falsas soluções de continuidade. Não é cabível importar materiais de uma para a outra, não é cabível que uma imite a outra, é possível que se comuniquem, é necessário que se comuniquem. Não se trata de purismo, mas de uma arquitetura no interior da qual se revele o tempo. Exigência do projeto, mantendo o aspecto original de obras importantes na memória dos habitantes e ao mesmo tempo introduzindo uma arquitetura contemporânea e de impacto na região central da cidade.

JUSTIFICATIVA DO TERRENO

Localizado na região central da cidade, o lote escolhido para o projeto do Centro Cultural e Memória Encruzilhadense está situado em uma local estratégico, visto ser o referido local um ponto bastante conhecido na cidade, além de ser de fácil acesso e situar-se próximo aos dois pontos de maior movimento e circulação de pessoas na área central: A Igreja Santa Bárbara e a Praça Dr. Ozy Teixeira. O local situa-se em uma zona predominantemente comercial, e está próximo de vários pontos importantes da cidade, como a Igreja Santa Bárbara, Agências Bancárias, Agência dos Correios, Estação Rodoviária, Prefeitura Municipal, Câmara de Vereadores, Praças, Hospital,  além de Lojas diversas, Farmácias e Supermercados.

O  lote do projeto possui dimensões de 75,00 m x 53,30 m, com área de 3.997,50 m² e é de propriedade privada. Situado na esquina, possui frente para Oeste e também para o Norte. No oeste, na Rua da Praça Silvestre Corrêa, faz frente com a lateral da Igreja Matriz e com a Praça Silvestre Corrêa, ao Norte, na Rua Dom Feliciano,  faz frente com prédios comerciais. Ao Sul, na Rua General Osório, confronta-se com o Prédio dos Correios e com residências particulares. Ao Leste, confronta-se com prédios de uso misto (residência e comércio). De topografia plana, possui diferença de desnível em torno de 20 cm entre os platôs. No local hoje funciona a Feira do produtor Rural, a qual vai ser alocada em outro espaço, a ser definido pela Prefeitura Municipal no próximo ano.

O lote abriga duas edificações de significativo valor arquitetônico e histórico para a cidade. A primeira, que convencionou-se chamar de pré - existência 01, data do ano 1887 como término da obra. Construída em estilo colonial, possui características marcantes da arquitetura colonial portuguesa, como o número ímpar de aberturas na fachada, vidros das esquadrias voltados para a parte externa, um corredor central de circulação , e telhado de 4 águas, com telhas de capa e canal e beirais de cimalha.A área original da construção é de 157,76 m², a qual foi acrescida alguns anexos, sendo que estes serão demolidos, em virtude de descaracterizarem a obra original. Inicialmente utilizada como residência, ao longo dos anos teve o uso diversificado, alternando entre moradia e comércio, como farmácia e escritórios.

A segunda edificação, chamada de pré - existência 02, não obteve-se a data exata de construção da mesma, e segundo os proprietários atuais, foi erguida na década de 20 do ùltimo Século. Construída em estilo eclético, com elementos da maçonaria na fachada, possui ornamentos que de destacam ao redor das aberturas, além do símbolo da maçonaria construído em estuque no frontão acima da porta principal. Internamente, possui um corredor central de acesso que conduz aos demais cômodos. Possui na fachada número ímpar de aberturas, com três janelas e duas portas, sendo uma delas a de acesso principal, e a outra servindo como ventilação, sem ter acesso ao nível do piso do passeio público. A cobertura atual é de laje de concreto, protegida com platibanda. A área original construída é de 143,91 m² e assim como a pré - existência 01, teve acréscimos de área construída ao longo do tempo, os quais serão demolidos, restando apenas o projeto original.

DESCRIÇÃO DO PROJETO

Ao decidir manter-se as duas pré-existências com as fachadas principais inalteradas, optou-se em utilizar a pré-existência 01 como espaço do café e a pré-existência 02 como espaço de exposições permanentes, abrigando o  acervo da casa de Cultura Humberto Fossa. Justifica-se o uso da pré-existência 01 como cafeteria por ser a mais simbólica do local, e por estar localizada próxima da praça de acesso que será projetada no lote, dessa forma, o espaço funciona como um elemento integrador as demais áreas do projeto, atraindo o visitante que chega pela praça, e ligando-se também com o a pré-existência 02 através de um volume de vidro com estrutura de aço que será utilizado para exposições temporárias. O café também terá uma área externa, um piso elevado cerca de 55 cm do acesso da praça, que funcionará como espaço de ligação e circulação entre o café e o bloco principal do centro cultural. Em ambas as edificações - 01 e 02 -  manteve-se as fachada principais voltadas para a rua inalteradas, alterando-se dessa forma as fachadas internas ao lote também demolindo-se as paredes internas, para uma melhor adequação dos espaços internos do café e exposições. Em ambas as pré-existências, estruturou-se as coberturas com vigas  e pilares metálicos, já que por serem edificações antigas e ficando ambas com somente as paredes externas, poderia ocasionar problemas estruturais nas coberturas. Os espaços de apoio do café e dos espaços de exposições são compartilhados com o volume principal do projeto , liberando dessa forma esses espaços para uma melhor circulação dos usuários.

O volume estruturado em vidro e aço, funciona como elemento de ligação entre as duas pré-existências e também como acesso principal do conjunto, e dessa forma induz o visitante a circular pelos demais espaços do projeto, onde o visitante tem acesso ao interior do lote e poderá deslocar-se através das circulações externas. No parte superior desse volume, está alocada a sala de leitura da biblioteca, com vista para as exposições temporárias no térreo.

O volume principal do conjunto, estruturado em concreto armado e laje nervurada, situado no sentido Norte-Sul, abriga as principais atividades do centro cultural - Auditório, Sala de Cinema, recepção, setor de serviço e sanitários públicos estão posicionados  no pavimento térreo, enquanto no pavimento superior, situam-se as salas dos ateliês, biblioteca e setor administrativo. No interior desse volume, duas circulações verticais conduzem o usuário ao  estacionamento no subsolo, que conta com 50 vagas para veículos, além de vagas para motos e bicicletas. O acesso e saída de veículos ao estacionamento subterrâneo é feito através da rua Dom Feliciano.

Visando facilitar o acesso ao Auditório, criou-se uma rampa externa de acesso ao mesmo, que também funciona como saída de emergência, conduzindo o usuário do hall e do foyer até a o nível mais alto das cadeiras, facilitando dessa forma a circulação interna do espaço e posteriormente a saída dos usuários do espaço.
A cobertura do volume principal de concreto é feita através de laje sombreada, com piso de placas de concreto sobre pilaretes, dessa forma, permite o escoamento das águas pluvias através de ralos instalados na laje e propicia maior conforto ambiental, pois o piso elevado sobre a laje de concreto mantém m micro - clima agradável no espaço livre entre ambos, impedindo assim o aquecimento da cobertura. No vollume de aço e vidro, o fechamento da cobertura é com telha metálica, preenchida com Eps.

Este projeto de TFG foi orientado pela Professora e Arquiteta Ms. Rosane Jockim Backes.

O texto acima é uma descrição do conceito e do projeto. O projeto completo, com plantas, cortes, fachadas, detalhamentos e demais desenhos, encontra-se no link abaixo. Os interessados podem acessar a pasta, que tem domínio público, e baixar os arquivos, que estão no formato PDF e JPG.

https://drive.google.com/drive/folders/0BwwgLknrl7d2UmtkVUFZbmt1TjA?usp=sharing

Obs: Caso não consigam acessar o link, postem nos comentários que responderei em breve.

Crédito das imagens a seguir - Arquiteta Juliana Brands - autora da renderização e modelagem das imagens










































































































Um comentário:

  1. Magnifico! Parabéns, aguardo ansiosa pela concretização deste trabalho arquitetônico e cultural, que contribuirá muito para o município. Nina!

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