sábado, 4 de julho de 2015

Primeiro Registro de Imóveis de Porto Alegre comemora 150 anos

Livro comemorativo traz curiosidades sobre patrimônio imobiliário da Capital

O que se vendeu ou comprou em imóveis, os limites que demarcaram terrenos e até a alforria de escravos nos vergonhosos tempos da escravidão. Parte disso está registrada nos livros do primeiro Registro de Imóveis de Porto Alegre, que completa neste domingo 150 anos. A um cartório em festa, nada mais apropriado do que fazer o registro da celebração em um livro. 
A obra Do Manuscrito ao Registro Eletrônico: 150 Anos do Registro de Imóveis de Porto Alegre, organizada pela arquiteta urbanista Juliana Erten, vasculha os arquivos e traz à tona curiosidades e raridades da história da Capital. 
Entre os achados mais curiosos, está a carta de alforria de um escravo de nove anos. O documento assegurava oficialmente a liberdade, mas precisava ser formalizado diante de um tabelião da época. Então, registrou-se que em 14 de setembro de 1872, Henrique de Azevedo Pires concedeu ao escravo Vermenigildo a liberdade, ato que poderia ser revogado "em caso de ingratidão do liberto contra seu antigo proprietário".
– Foi uma infeliz descoberta que comprova que os escravos eram tratados como imóveis – conta Juliana.
Outra descoberta da pesquisa capitaneada pela arquiteta, nascida em uma família de cartorários e especialista em Patrimônio Cultural, foi o registro de compra e venda do terreno onde está o monumento funerário ao senador José Gomes Pinheiro Machado. O Governo do Estado comprou a área no Cemitério da Santa Casa por escritura pública lavrada em 16 de dezembro de 1916. A obra, dividida em sete capítulo, também retoma dados e plantas antigas que expõem a evolução urbana da Capital.
– Há informações muito interessantes sobre o começo de Porto Alegre, sobre os loteamentos que deram origem à cidade e o nascimento dos bairros, muito estimulado pelo transporte coletivo – diz Sérgio da Costa Franco, historiador que assina o prefácio da obra.
– O primeiro registro de imóveis realmente é um depositário da história de Porto Alegre. Gostaria de ter me aprofundado mais, mas comecei a pesquisa em fevereiro. Foi realmente uma corrida contra o tempo – pondera Juliana.
SERVIÇO
Livro "Do Manuscrito ao Registro Eletrônico: 150 anos do Registro de Imóveis de Porto Alegre"

Lançamento para convidados: sábado, às 18h, no Palácio da Justiça do RS (Praça Marechal Deodoro, 55, em Porto Alegre)
A obra não será vendida. Uma versão do livro em pdf estará disponível gratuitamente para download a partir de 6 de julho, em registrodeimoveis1zona.com.br
A versão física do livro será distribuída entre entidades jurídicas, cartoriais, bibliotecas públicas e bibliotecas de faculdades de Direito do Rio Grande do Sul, entre outras entre julho e agosto.












Foto: Reprodução / Reproduçção

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