sexta-feira, 17 de abril de 2015

Centenário Teatro Amazonas pode virar Patrimônio Mundial, diz Unesco

O Teatro Amazonas pode virar Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A confirmação foi dada ao G1 pela própria Unesco.
O monumento está na lista indicativa junto ao Teatro da Paz, localizado em Belém. "A inscrição é seriada e envolve dois teatros que representam a Amazônia do século 19. Agora, o Governo Federal deve construir um dossiê, que será apresentado ao comitê do Patrimônio Mundial", explicou a coordenadora de cultura da Unesco no Brasil, Patrícia Reis.
O texto apresentado na lista indicativa aponta que os teatros Amazonas e da Paz mantêm as suas características originais, "permitindo uma leitura e compreensão dos seus atributos arquitetônicos, históricos, culturais e simbólicos".
Ainda segundo Patrícia, o comitê do Patrimônio faz reuniões anuais para decidir a entrada de monumentos como Patrimônio da Humanidade ou Mundial. No entanto, não há previsão para entrega do dossiê dos dois teatros e nem para a aprovação do documento.
Internacional
Um dos pontos turísticos mais visitados por brasileiros e estrangeiros em Manaus, o Teatro Amazonas também é destaque em publicações internacionais.

O jornal britânico The Guardian colocou recentemente o monumento em uma série que apresenta os prédios históricos mais importantes do mundo. O texto, de Drew Reed, destaca a história e o papel do Teatro no turismo em Manaus.
História
Inaugurado há 118 anos, o Teatro Amazonas esbanja prestígio entre os amantes da arte. Do erudito ao popular não faltam histórias neste lugar visitado e apreciado por pessoas do mundo todo.

O local conta ao todo com 700 lugares e já teve em seu palco apresentações de grandes nomes da arte no mundo. Nos últimos 40 anos, destaque para Margot Fonteyn, uma das maiores bailarinas de todos os tempos, em setembro de 1975; o tenor José Carreras, em fevereiro de 1996; além do bailarino russo Mikhail Baryshnikov, em outubro de 2010. Até a banda de rock White Stripes fez um show no Teatro.
Vídeos ou imagens eternizam apresentações, mas uma delas não há registro no lugar, ficou apenas na memória. Na quarta-feira de cinzas de 1994, Luciano Pavarotti visitou o Amazonas. O tenor esteve no Teatro Amazonas e na época apenas dois funcionários teriam visto o mesmo admirando, do palco, o salão de espetáculos. Neste momento ele teria, por alguns instantes, cantado no local.
No Teatro Amazonas, suas características particulares se destacam em relação a outros lugares voltados a arte. O salão nobre, por exemplo, conta com 12 mil pedaços de madeiras nobres. Pau-brasil, jacarandá, pau-marfim, pinho de riga e carvalho são apenas encaixados, não há prego ou cola.
As paredes são decoradas com telas de linho lonado. Nelas estão presentes a fauna, a floresta amazônica e imortais da literatura e músicas brasileiras. A principal tela do lugar é uma alusão a 'O Guarany', ópera de Carlos Gomes.
A obra mais importante está no teto e foi a última a ser concluída. Em 'O Olimpo dos Artistas', anjos estão sobre a Floresta Amazônica. Trata-se de uma pintura em perspectiva do artista Domenico de Angelis, levou dois anos para ficar pronta. Os espelhos e os móveis do lugar são os mesmos da inauguração. Era nesse espaço que os frequentadores dançavam após os espetáculos.
A sala de espetáculos, sozinha, é uma atração do teatro. No teto, uma homenagem a dança, a música e ao teatro. No palco, um dos panos de boca representa a transição da monarquia para a república. O outro, um desenho da natureza em forma de mulher, separa os rios Negro e Solimões, o encontro das águas.
A cúpula do Teatro Amazonas é constituída de 36 mil peças em cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas, vindas da Alsácia. Foi adquirida na Casa Koch Frères, em Paris. Possui um mosaico colorido em verde, azul e amarelo, uma menção às cores da bandeira brasileira.









Teatro Amazonas faz parte dos monumentos do Largo (Foto: Jamile Alves/G1 AM)








Teatro Amazonas foi destaque no jornal The Guardian (Foto: Reprodução)







No Teatro Amazonas, pintura representa homenagem às belas artes (Foto: Camila Henriques/G1 AM)






Salão Nobre recebia os barões da Borracha no início do século 20 (Foto: Camila Henriques/G1 AM)




















Sala de espetáculos conta com 22 máscaras da tragédia grega representando importantes artistas e filósofos (Foto: Frank Cunha)

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