sábado, 15 de fevereiro de 2014

Destilaria Central de Lençóis Paulista

Centro Municipal de Formação Profissional Prefeito Ideval Paccola

Lençóis Paulista, 2013

[Silvio Oksman, Anna Helena Villela, Caroline Endo, Karina Kohutek e Liz Arakaki] 

Intervir em uma ruína. O desafio principal do projeto proposto pelo Edital nº 37/2013 do Proac da Secretária da Cultura do Governo do Estado de São Paulo é o de restaurar os remanescentes da Destilaria Central de Lençóis Paulista, SP.
Construída às pressas nos anos 1940, a Destilaria tinha como propósito suprir a falta de combustível decorrente da Segunda Guerra Mundial. Suas atividades se encerraram logo após o término da Guerra. No momento do seu tombamento pelo CONDEPHAAT, em 1997, já se encontrava em estado de ruína.
A atual proposta de implantação do “Centro Municipal de Formação Profissional Prefeito Ideval Paccola” nesta área faz parte de importante política de restauro, ratificando sua importância como referência não apenas cultural, mas também urbana.
No conjunto sobressaem a torre de 25 metros de altura - onde se dava a transformação da aguardente – e a chaminé. Os galpões que completavam a área de produção e administrativa estão arruinados. Não há nenhuma cobertura, diversas paredes desabaram por completo e outras apresentam condição precária.
O conjunto de habitações, que fica ao norte do terreno está ocupado por moradores ilegais e apresenta uma condição melhor – provavelmente pelo fato de estar ocupado. A resolução de tombamento não entra em maiores detalhes sobre este conjunto. Resolve que:
“Fica tombado como bem cultural de interesse histórico-arquitetônico a Destilaria Central De Lençóis Paulista, inaugurada a 17 de dezembro de 1943. Construída pelo então Instituto de Açúcar e do Álcool (IAA), a Usina, implantada numa eminência topográfica, compreende conjunto industrial e residencial”.
Portanto entende-se que seu valor está no grupo de residências alinhadas, que completam o conjunto da destilaria. Não há nenhuma referência às tipologias habitacionais ou a seus sistemas construtivos.
O grande lote urbano em que a destilaria está instalada é aberto para a cidade e tem forte potencial para se transformar em um parque urbano. Assim, além das atividades educacionais, o espaço teria uso constante.
A torre e a chaminé são elementos que configuram a paisagem de Lençóis Paulista, principalmente por sua localização e verticalidade da construção. Sua presença é avistada logo no acesso da cidade.
É a partir desta leitura do conjunto que se propõe seu restauro, com o novo programa educacional e de lazer. Restauro compreendido no seu sentido mais amplo. Trata de restaurar o significado do edifício e sua relação com a cidade e seus usuários. Dar um novo uso que seja compatível com as questões contemporâneas. Pretende permitir aos cidadãos usufruir de um espaço carregado de valor simbólico.
O projeto apresentado para o conjunto foi concebido a partir da compreensão de que a implantação dos edifícios tem grande relevância. Assim, se propõe o completamento dos edifícios arruinados. Recupera-se, aproximadamente, sua volumetria com a utilização de novos materiais. A decisão é amparada pelo artigo 6º da Carta de Veneza: “(...) a conservação de um monumento implica a preservação de um esquema em sua escala. Enquanto subsistir, o esquema tradicional será conservado (...)”.
É essencial reforçar a questão da distinguibilidade, também colocada pela mesma Carta: “todo trabalho complementar reconhecido como indispensável por razões estéticas ou técnicas destacar-se-á da composição arquitetônica e deverá ostentar a marca do nosso tempo”. Assim, as ruínas existentes serão consolidadas, mas sua leitura permanecerá evidente. Entende-se não ser possível apagar o processo histórico do conjunto, inclusive o estado ao qual chegou aos dias de hoje, de completo abandono.
Ao consolidar as ruínas pretende-se manter seu aspecto desgastado, sem completamento de argamassa. Será feito processo de consolidação dos tijolos e argamassa a fim de estabilizá-los. Os tijolos receberão tratamento cristalizador, que não comprometem sua aparência. A proposta de recuperar a volumetria original dos galpões se dá, principalmente a partir das marcas da geometria destas coberturas nas alvenarias remanescentes. Trata-se, também, de permitir a compreensão dos espaços internos dos galpões nos quais o programa implantado não compartimenta seus espaços.

Continuação do texto sobre a obra e mais imagens no link:  http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/14.158/5044




Um comentário:

  1. Parabéns ao "centro Municipal de Formação Proficional Ideval Pacolla pela decisão de tombar a antiga "Distilaria de Lençóis Paulista.Este marco da história de Lençóis chamaram minha atenção quando aqui cheguei com meu pai"José Alves de Mira.mais conhecido por "Ze Canuto" família em 1954. Eu tinha então 4 anos de idade.Hoje ainda é impossível passar pela Rodovia Marechal Rondon sem avistar a Imponente (ainda que fragigilizada pela idade) Torre, marca de uma época...Parabéns

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