sábado, 16 de novembro de 2013

Tombamento do Centro Histórico de Oliveira desagrada comerciantes

A cidade de Oliveira tem 152 anos, sendo um dos municípios mais antigos do Centro-Oeste do estado. Uma das características é a presença de muitos casarões antigos. Recentemente eles foram tombados defitivamente pelo Conselho Estadual de Patrimônio de Minas Gerais (Conep), com base nos estudos do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). Apesar disso, a Associação de Moradores pretende pedir a revisão da decisão de tombamento na Justiça. O município também tentou impugnar a iniciativa, mas a Procuradoria Jurídica concluiu que o processo de Tombamento do Centro Histórico de Oliveira obedeceu aos requisitos técnicos e legais necessários.
A área do centro histórico da cidade de Oliveira, referente ao primeiro arraial gerador da atual cidade, foi tombada por deter um significativo patrimônio material que descreve a trajetória da dinâmica econômico-social vivida pela sociedade local, com abrangência regional. Os casarões representam fielmente uma época, a da colonização mineira. As construções são dos séculos XVIII e XIX . Uma verdadeira riqueza arquitetônica, conforme a diretora de Patrimônio de Oliveira, Rosemary Amaral. "O que diferencia o nosso patrimônio é justamente a presença desses palacetes, hoje a cidade é conhecida como cidade dos palacetes", explicou.
E o tombamento foi realizado justamente para preservar esses casarões. Agora, a área protegida fica sujeita às leis de proteção ao patrimônio, mas a decisão gerou polêmica porque moradores e comerciantes estão descontentes com a extensão da área e a forma como o processo foi comunicado. Eles alegam que dentro da área protegida existem moradias comuns, ou seja, em torno de 200 imóveis sem valor histórico que ficaram impossibilitados de passar por reformas ou obras sem autorização do Iepha. "Eu teria que ter sido informada disso, nunca fui informada de nada, nem pelo Iepha, nem pela Prefeitura, por ninguém, simplesmente tomaram essa decisão arbitrária", desabafou a empresária Ana Elisa Reis.
Na região tombada, dois casarões já foram derrubados e alguns estão em risco de desabamento. O local conhecido como "Casarão da Figuinha" é um deles, como lamentou o proprietário José Maria Ribeiro, que é produtor rural. "Não tenho condições financeiras de realizar a restauração e eles ficam pressionando o que a gente tem que fazer", declarou. 
Um complicador, de acordo com os moradores, é que mesmo em área de tombamento os imóveis não vão receber recursos para restauração, isso demandaria outro procedimento burocrático. "O que se pode é depois, por meio de projetos, buscar recursos. Outra alternativa é junto ao governo do estado, ou algum senador ou deputado. Não é tão fácil", explicou Rosemary Amaral.
Uma associação de moradores foi criada e pretende reivindicar os direitos dos proprietários. "Tem que rever essa área, entrar na Justiça. É muito prejuízo para a cidade", declarou a diretora da Associação de Moradores, Clarissa Ribeiro Rodrigues.
A Rua Mário Campos está a quatro quarteirões do centro histórico e ficou no trecho considerado entorno e também protegido. Por este motivo, se um morador quiser ampliar ou construir vai precisar pedir autorização ao Iepha. Fato que tem deixado parte dos moradores insatisfeitos. "Tinha que ter sido melhor estudado, de forma que agradasse a todos", declarou o comerciante Tadeu Valadão.
O presidente da Associação Comercial, Luiz Henrique de Castro, informou que a medida vai gerar prejuízos econômicos e que empresários desistiram de investir na cidade. "Tinha uma obra de um edifício de oito andares que agora está paralisada e outros empreendedores que ficaram sabendo e desistiram de investir e colocaram lotes à venda", comentou.
O secretário de Cultura de Oliveira, Cássio Silva, considerou extensa a área do entorno. "A população da cidade não concorda com o trecho, a atual administração encaminhou recurso em busca de um novo diálogo, não do tombamento em si, mas da área do entorno de preservação", esclareceu.
O G1 entrou em contato com o assessor de imprensa do Iepha, Leandro Pedrosa, que informou que o processo de tombamento começou em 2012 e foi concluído no dia 31 de outubro de 2013. Segundo ele, muita coisa que tem sido dita não procede e o Iepha agiu dentro da legalidade e dos trâmites exigidos. Na página do Iepha na internet é possível conferir na íntegra informações sobre o tombamento definitivo.

Fonte: http://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2013/11/tombamento-do-centro-historico-de-oliveira-desagrada-comerciantes.html 
















Casarões são patrimônio tombado na cidade (Foto: Reprodução/TV Integração)
















Casarões remetem à período histórico (Foto: Reprodução/TV Integração)
















Paisagem da cidade é rica pela arquitetura (Foto: Reprodução/TV Integração)

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