sábado, 16 de novembro de 2013

Prédio histórico de 200 anos corre o risco de desabar em Atibaia, SP

Com a chegada do período de chuvas, uma parte da história de Atibaia(SP) corre o risco de desaparecer. Isso porque o centro cultural Solar do Coronel Manoel Jorge Ferraz, mais conhecido como Casarão Júlia Ferraz, pode desabar caso não receba obras emergenciais. O projeto que pode garantir uma reforma na estrutura é alvo de um impasse entre prefeitura e Câmara.
Atualmente o prédio, que é tombado desde 1975 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), tem fendas no teto e a estrutura das paredes está sendo sustentada por madeiras. O imóvel, que segundo historiadores tem mais de 200 anos, está fechado desde 2011 devido ao comprometimento da estrutura. O órgão atestou no último dia 4 o risco parcial de desabamento da estrutura, que foi declarada em estado de emergência.
Um projeto de lei que garante a revitalização do espaço, que é particular, aguarda desde outubro para ser votado pela Câmara de Atibaia. A demora para que o projeto seja aprovado tem preocupado a Associação dos Proprietários e Amigos do Solar.
"Pedimos desde fevereiro para tentar auxiliar no restauro. Existe um projeto de lei para a reforma que não acontece. O prédio está em risco porque toda a parede é feita de taipa (barro). Com a chuva, se não for feita a estabilização dela, vai desabar", explica Rosana Bastos Ferraz, presidente da associação.
O casarão começou a apresentar problemas estruturais em 2009 devido a obras realizadas na Praça da Matriz, que fica ao lado do prédio. "Os problemas começaram no mesmo período das mudanças na praça. Não tiveram cuidado ao fazer as obras tão perto de um prédio que é tombado", avalia a presidente.
​O imóvel  era usado para atividades comunitárias antes de ser fechado devido aos riscos. De acordo com historiadores, o solar foi construído em 1776 e foi moradia de políticos do Partido Liberal no século 19. O prédio é considerado ponto turístico da cidade.

Queda de braço
De acordo com o presidente da comissão de finanças da Câmara, Jorge de Jesus Silva (PSL), o projeto está sob análise, mas a prefeitura deve ser notificada porque o texto não apresenta valores ou origem do dinheiro.
"O prefeito enviou um projeto no qual simplesmente não consta o valor que vai ser gasto e nem de onde sairia o dinheiro. É uma preocupação de todos nós, mas não podemos aprovar um projeto que não tem valor", disse o vereador, que pretende enviar um ofício à prefeitura ainda nesta segunda (11).
O chefe de gabinete da Prefeitura de Atibaia, Luiz Benedito Roberto Torricelli, justifica a falta de valor no projeto. "Não temos o valor porque é preciso que a Câmara aprove primeiro, para que contratemos uma empresa e, aí sim, vamos saber o valor. Vai estar disponível para a Câmara".
De acordo com ele, o projeto não prevê uma data para início das obras  emergenciais de escoramento. "Mas como o Condephaat declarou como estado emergencial, temos a intenção de começar o mais breve possível. Só que para isso, dependemos da Câmara", explica Torricelli.
Informalmente ele estima que a obra possa custar cerca de R$ 250 mil, porém, é um valor que pode ser alterado e por isso não consta no projeto. Ainda segundo o chefe de gabinete, uma alternativa que a prefeitura cogita é que a obra no imóvel seja realizada pelo Estado. Após as obras emergenciais, há a intenção de restauro no imóvel, para que o local possa voltar a funcionar como centro cultural.

Condephaat
O Condephaat informou que a vistoria técnica que atestou que o patrimônio está em estado de emergência é requisito legal para que a Secretaria da Cultura de São Paulo realize intervenções no local. Segundo o órgão, a assessoria de obras da pasta vai providenciar a contratação do serviço de escoramento, que deve ser feito em 20 dias.
O Condephaat destacou ainda, por meio de nota, que apesar disso, a conservação, manutenção e restauro do prédio é de responsabilidade primária dos proprietários e o órgão orienta, elabora e aprova os projetos de restauro, de forma a assegurar que as intervenções sejam realizadas sem descaracterizar o patrimônio.
(*) Colaborou Suellen Fernandes

Fonte: http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2013/11/predio-historico-de-200-anos-corre-o-risco-de-desabar-em-atibaia-sp.html 

















Fachada do casarão Júlia Ferraz, em Atibaia: interdição foi feita em 2011 devido à estrutura apresentar riscos (Foto: Taiana Ferraz/Arquivo Pessoal)
















Estrutura das paredes são seguradas por madeiras.(Foto: Taiana Ferraz/ Arquivo Pessoal)

Nenhum comentário:

Postar um comentário