Andar pelos corredores de um galpão e ainda poder viajar na história
do Ceará, conhecendo um pouco mais dos prédios históricos erguidos, ou
existentes no século 19. E tudo isso, em miniatura. Essa é a proposta
educativa de um museu que muitos cearenses (e turistas) desconhecem: O
Siará em Miniatura.
A busca pela história do estado e sua cultura já nasce no nome do
equipamento. Siará, assim era grafado o nome do território que, de
capitania, veio se tornar autônomo no séculos 18 (despois de subordinado
ao Maranhão e a Pernambuco) e virar o estado do Ceará.
No acervo do museu, todas as peças são miniaturas. Elas representam
os principais equipamentos do Ceará, passando pela Igreja Matriz, Praça e
Museu Sacro do município de Aquiraz, cruzando pelos sítios de escravos e
sua libertação no município de Redenção, até os prédios da então
Fortaleza afrancesada do final dos século 19 e início do século 20,
quando a moda e arquitetura de Paris eram uma coqueluche na sociedade
fortalezense e extremamente copiada.
Entre as miniaturas dos prédios é possível encontrar a Estação
Engenheiro João Felipe (erguido entre 1873 e 79), o Theatro José de
Alencar (de 1896, porém inaugurado em 1910), a Santa Casa de
Misericórdia (inaugurada em 1861), todos ainda de pé e funcionando em
Fortaleza. Além do Forte de Nossa Senhora Assunção (1812) e a Igreja
Pequeno Grande (construída entre 1898 e 1903).
Também é possível resgatar prédios que nem existem mais, como o
Cinema Majestic (1917), luxuoso cinema que pertencia ao Grupo Severiano
Ribeiro e que ficava na Praça do Ferreira, mas que na década de 50 foi
abaixo depois de um grande incêndio.
Outro prédio que já não existe mais é o palacete Plácido de Carvalho,
erguido entre 1919 a 1921, a mando do comerciante Plácido de Carvalho
para a italiana Pierrina Rossi, por quem era apaixonado. Ela se recusava
a sair da Itália e vir para o Brasil, mas Plácido prometeu a ela a
construção de um palácio igual ao que eles tinham conhecido em Veneza,
na Itália. Com a promessa, Pierrina veio para o país no ano seguinte. O
prédio ocupava uma quadra inteira, onde hoje existe a praça Luíza Távora
e o complexo conhecido como “castelinho”, construído a mando a italiana
para serem alugados após a morte do esposo.
O museu conta com 1.500 peças em miniatura, entre janelas, balcões dos
prédios, os próprios edifícios construídos e personagens nas ruas. Todas
as peças foram construídas pela artesã Eliete Dantas. O que impressiona
é a riqueza de detalhes em todas as peças. Desde as grades da Igreja
Pequeno Grande ao detalhamento dos vitrais nos prédios como o Cine
Majestic, até mesmo o altar dentro da primeira catedral de Fortaleza,
com direito a pequenos oradores dentro da igreja; ou a escadaria montada
dentro do prédio do Cine Majestic.
Eliete Dantas era responsável pelo Museu há alguns anos, porém não
teve condições para mantê-lo funcionando. Para não deixar o equipamento
se perder, procurou uma ONG que pudesse dar continuidade ao trabalho
educativo. Foi quando entrou em cena a ONG Intervalo.
Com 15 anos de existência, a Organização já tinha um trabalho de
cunho educativo e de formação profissional para crianças e jovens. O
museu continuou ainda no mesmo espaço até o início de 2012, quando os
custos de manutenção do aluguel se tornaram complicados para manter.
Em uma parceria com o Condomínio Espiritual Uirapuru, no bairro
Castelão, em Fortaleza, o museu mudou de casa. Agora ocupa um galpão,
que segundo Tiago Silva, coordenador do museu, já recebeu aprovação da
própria Eliete. “Ela já visitou o espaço e gostou e já disse que vai
trabalhar na restauração das peças”, diz Tiago.
Atualmente o museu funciona apenas para visitas agendadas. “É aberto
pra quem quiser visitar, mas é preciso agendar antes de vir”,
avisaTiago, que também marca os agendamentos. Para escolas particulares e
público em geral, o ingresso custa R$ 12. Já as escolas públicas, que
representam o maior público do local, podem levar os alunos
gratuitamente.
Durante a visita, ao som de músicas francesas (resgatando a Fortaleza
Belle Époque), um ator encarna o poeta Pilombeta, clássico personagem
boêmio que explica a época e o período para os visitantes, situando os
prédios na história da cidade naquele período.
O equipamento é mantido pela ONG, que de acordo com o
superintendente, Alencar Lage, não recebe apoio cultural de nenhum poder
público. “Os projetos da ONG, que vão muito além do museu, são mantidos
através de parceria com empresas”, comenta. Por Leonardo Heffer
Serviço
Museu Siará em Miniatura
Condomínio Espiritual Uirapuru: Av. Alberto Craveiro, 2222 – Castelão
Visitas de segunda a sábado, com agendamento pelo (85) 8583.1033
Entrada: R$ 12 (individual) // gratuito para escolas públicas
Condomínio Espiritual Uirapuru: Av. Alberto Craveiro, 2222 – Castelão
Visitas de segunda a sábado, com agendamento pelo (85) 8583.1033
Entrada: R$ 12 (individual) // gratuito para escolas públicas
Fonte: NE 10
Fonte da Pesquisa: http://defender.org.br/2013/05/03/museu-de-miniaturas-resgata-memoria-dos-patrimonios-historicos-do-ceara/
Theatro José de Alencar foi recriado entre as 1,5 mil peças em miniatura. Foto: Leonardo Heffer / NE10 Ceará
Miniatura do Theatro José de Alencar e a Casa Juvenal Galeno.
Miniatura da Estação Ferroviária João Felipe, no Centro de Fortaleza.
Miniatura do Cinema Majestic, construído em 1917 e que não existe mais em Fortaleza.
Palacete Plácido Carvalho e os detalhes do prédio.
Miniatura da Igreja Pequeno Grande e outros prédios históricos de Fortaleza.
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