terça-feira, 30 de outubro de 2012

BELÉM: GT propõe retirada e novos estudos dos projetos de lei que alteram modelo do Centro Histórico

A promotoria de justiça de defesa do meio ambiente, patrimônio cultural, habitação e urbanismo de Belém do Ministério Público estadual defende junto com o Grupo Técnico da retirada de pauta e revisão com novos dos projetos de lei que dispõe sobre preservação histórica, artística, ambiental e cultural do município de autoria do vereador Raimundo Castro (PTB) em tramitação desde fevereiro de 2012 na Câmara municipal de Belém.

A proposição do legislativo municipal “Altera a Lei nº 7.709, de 18 de maio de 1994, que Dispõe sobre a Preservação Histórica, Artística, Ambiental e Cultural do Município de Belém, e dá outras providências. E, em seu Art. 1º explicita de que “Fica alterado o anexo IV – B – Modelo Urbanístico do Centro Histórico de Belém e da sua Área de Entorno, da Lei nº 7.709, de 18 de maio de 1994, que dispõe sobre a Preservação Histórica, Artística, Ambiental e Cultural do Município de Belém, nos itens que se destacam e passam a fazer parte integrante desta Lei”.
O promotor de justiça Raimundo de Jesus Coelho Moraes assegura que este projeto da forma em que está proposto não beneficia em nada o município em termos de preservação histórica, artística, ambiental e cultural. Parecer do Grupo Técnico ressalta em sua conclusão de que “desta forma, o grupo técnico solicita que os Projetos de Lei em questão sejam retirados de pauta e reapresentados, acompanhados de estudos que possam dar maior respaldo à implementação do mesmo, para que a cidade ganhe instrumentos que efetivamente requalifiquem o Centro Histórico de Belém  e as demais áreas protegidas por Lei, sem colocar em risco o patrimônio histórico e cultural do Município”.

O parecer considera o efeito integrado dos Projetos de Lei 18 e 19 que alteram os modelos do CHB.

Leia aqui na íntegra o parecer do Grupo Técnico

Texto: Edson Gillet (Assessoria de Imprensa)
 
Foto: Site G1
 
 
 














segunda-feira, 29 de outubro de 2012

PR – Restauração do Casarão Amazonas não sai do papel

O imóvel que representa parte de nossa história necessita de uma atenção especial e urgente. A casa foi cedida pela prefeitura de União da Vitória em comodato para a Fafiuv, porém um documento elaborado pela Instituição devolve o patrimônio à administração.

Com o passar do tempo às faces da obra da Casa da Família Amazonas pedem urgentemente sua restauração. O imóvel localizado no Distrito de São Cristóvão e que representa parte de nossa história necessita de uma atenção especial.
A casa, há cinco anos, foi cedida pela prefeitura de União da Vitória, na gestão do então prefeito Hussein Bakri, em comodato para a Fafiuv, na gestão do diretor daquele ano Eloy Tonon. Porém, um documento elaborado em agosto deste ano pela Instituição devolve o patrimônio à administração. O documento oficializando a devolução tem data de 8 de agosto. Quase três meses depois a devolução ainda não foi formalizado nem ocorreu de forma oficial.

Sonho da restauração
O diretor da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras (Fafiuv), Valderlei Garcia Sanches, ao assumir a direção havia compartilhado com os moradores de União da Vitória e região que o sonho da restauração da Casa da Família Amazonas seria uma luta para se tornar realidade. Tamanha foi a vontade que em novembro de 2009 o diretor da Fafiuv, acompanhado do contador da Instituição, Edson da Silva, e do presidente da Associação dos Amigos do Trem (AAT), Marcelo Roveda, se deslocaram a Brasília para uma audiência com o então deputado federal Airton Bernardo Roveda.
A audiência foi mediada pelo presidente da AAT. Roveda mostrou-se solicito para com a reforma da Casa Amazonas. De acordo com Valderlei, ele disse que pela situação em que a casa se encontra (deteriorada) o investimento para a reforma seria alto. Seria necessário fazer uma restauração geral, mantendo a arquitetura original. A restauração completa, com tudo o que se pretendia fazer, ultrapassaria os R$ 200 mil. O orçamento foi apresentado juntamente com o projeto de restauração elaborado pela Instituição e entregue para o deputado.
Com o projeto em mãos Roveda comunicou ao diretor sobre a liberação de uma emenda no valor de R$ 160 mil para a efetuação da restauração da Casa Amazonas. A restauração teria início ainda em 2010. Porém, segundo Valderlei, a emenda não foi liberada.
O diretor da Fafiuv comenta ainda que desde que assumiu a direção da Instituição dedicou-se juntamente com o Colegiado de História na elaboração de projetos que viabilizassem apoio financeiro para a restauração. A Instituição buscou ajuda junto de ONGs, Governo Estadual e Federal, iniciativa privada (empresários da região), inclusive com o Exército. “Infelizmente não logramos êxito em nosso objetivo. Como a Fafiuv não possui recursos próprios para tal fim, tornou-se totalmente inviável o projeto de restauração”.
A intenção seria a de transformar o local em um arquivo histórico. Também em uma das salas, montar um museu com peças antigas que marcam a história do povo de União da Vitória e disponibilizar materiais para consultas. “Devolvemos a casa para a administração de União da Vitória em virtude da indisponibilidade de verbas para sua restauração, infelizmente”, desabafa.

Próximo ano
Há dois meses para o término de 2012, tudo indica que a restauração do patrimônio deve acontecer no próximo ano.

A história
Conforme relatos do professor do Curso de História da Fafiuv, Ilton César Martins, o Cel. Amazonas de Araújo Marcondes nasceu no dia 17 de dezembro de 1845 e faleceu em 23 de dezembro de 1924.
Sua chegada em nossa terra está datada em 1880, que logo comprou a Fazenda Passo do Iguassú. Ao participar do processo de apropriação dessa região, o Cel. Amazonas consolidou o povoado e, consequentemente, a cidade de Porto União da Vitória.
A possibilidade que teve de explorar o Rio Iguaçu com seus vapores, concedida através do Decreto Imperial nº 7248 de 19 de abril de 1879 nos fornece uma boa dimensão do impacto de sua presença na região.
Politicamente, Cel. Amazonas participou ativamente do processo de criação em 1890 da Intendência Municipal de União da Vitória, separando-se de Palmas. O fato aconteceu por meio do decreto nº 54 de 27 de março, sendo que este eleva a categoria de Vila a então freguesia de União da Vitória. Na mesma data surge o decreto nº 55, que cria a Intendência Municipal de União da Vitória. Já no dia 4 de maio de 1890, a sessão solene de instalação da Intendência, tendo por intendente o Sr. Amazonas de Araújo Marcondes. Por Wannessa Stenzel


 













Uberlândia/MG – Educação Patrimonial foca em novas gerações para manter memória

Enquanto a quarta maior cidade mineira, Juiz de Fora, tem 221 bens tombados nos seus 162 anos, Uberlândia, a segunda maior do Estado, depois de Belo Horizonte, aos 124 anos, tem apenas 20 tombamentos registrados desde 1968. Mas este número, até 2002, se resumia a quatro bens preservados, sendo eles a Igreja Nossa Senhora do Rosário, Casa da Cultura, Oficina Cultural e o conjunto formado pela praça Clarimundo Carneiro, incluindo o Museu Municipal e o Coreto.
Com a fama de cidade progressista, as riquezas materiais e imateriais uberlandenses acabaram sendo deixadas de lado à medida que as empresas e os novos moradores chegavam. Por isso, o trabalho de tombamento, segundo a secretária Municipal de Cultura, Mônica Debs, foi intensificado nos últimos 12 anos, com foco na formação das novas gerações. “Fizemos uma cartilha que foi distribuída para os professores das escolas públicas e um projeto de educação patrimonial, com visitas diárias de crianças a partir de 2 anos ao Museu Municipal. Essa mudança de atitude deve acontecer com o tempo”, disse Mônica Debs.
A obrigação – no que diz respeito à preservação e valorização do patrimônio cultural – cabe à Secretaria Municipal de Cultura, com o auxílio do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Cultural de Uberlândia (Comphac), que passou a trabalhar efetivamente desde 2000. Mas a concretização desse trabalho, em primeiro lugar, depende da aceitação dos donos dos locais cabíveis de tombamento e da ajuda da comunidade. “É difícil. As pessoas pensam assim: ‘Por que você não joga fora, destrói e faz outro mais bonito e moderno?’ É algo cultural. Muitos acham que um prédio antigo atrapalha”, disse Valéria Maria Queiroz Cavalcante Lopes, diretora de Memória e Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura.

Uberlandinos
Outro fator que deve interferir na valorização do patrimônio cultural, segundo Valéria Queiroz, é o número de moradores vindos de outros municípios, conhecidos como “uberlandinos” e que não têm uma relação afetiva com a história da cidade. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 27 de abril deste ano, 48,5% dos moradores Uberlândia são de outras cidades. Isso coloca o município em 39º lugar, entre 853 de Minas Gerais, no ranking de população não natural. “Tinha um painel em uma casa no centro da cidade, feito em mosaico de vidro, muito lindo. Conversei com a pessoa responsável se ela tinha intenção de reaproveitá-lo durante a obra. Ela respondeu ‘não tenho, não conheço a história, não sou daqui’ e jogou tudo no chão no outro dia com um trator”, disse Valéria Queiroz.

O passado no chão
No bairro Fundinho, no último mês, foi ao chão o imóvel conhecido como casa da dona Adélia, considerada por especialistas em arquitetura como a mais antiga construção da cidade, feita no fim do século 19.
A professora de piano Adélia Santos França deu início ao processo de tombamento para não pagar mais IPTU, mas morreu em 2004, antes da conclusão do processo. Depois disso, a Procuradoria do Município indeferiu o pedido de tombamento, justificado pela falta documentação e comprovação do valor histórico da edificação, bem como das condições precárias da casa. “A casa foi caindo aos poucos e limpamos o lote. Como não tínhamos condição de consertar, fizemos uma proposta para a prefeitura de nos dar outro imóvel em troca, mas eles não tiveram interesse”, disse o sobrinho de dona Adélia, que não quis ter o nome divulgado.
Outro caso conhecido é a casa dos Migliorini, na praça Coronel Carneiro, uma das principais edificações uberlandenses no estilo de arquitetura moderna. O pedido de tombamento da casa, construída na década de 1960, foi aprovado por unanimidade pelos membros do Comphac em 17 julho de 2008. Dois dias depois, antes que o pedido fosse entregue à prefeitura e aos proprietários, a casa foi jogada no chão com uma retroescavadeira.

Preservação
Mais do que tombar, é preciso que se preserve o patrimônio cultural. Um dos exemplos mais em voga é a Estação Ferroviária Sobradinho, inaugurada em 1896 e tombada em 2006, que se encontra em ruínas.
Atendendo a um pedido de moradores de Uberlândia e Araguari, o Ministério Público (MP) de Uberlândia abriu um inquérito, neste mês, para apurar a situação do local situado entre os dois municípios em uma propriedade particular.
Em documento enviado pela Secretaria Municipal de Cultura, assinado pela assessora jurídica Leciane Leandra Medeiros, consta que, em pesquisa feita junto ao Escritório da Inventariança da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), foi descoberto que a Estação Sobradinho pertence à União e não ao proprietário da fazenda, como se imaginava. “Diante disso, solicitamos ao Órgão o encaminhamento de cópia da documentação da propriedade e ainda cópia do termo de transferência à União”, diz o documento.
Em contato com a Superintendência do Patrimônio da União no Estado de Minas Gerais (SPU/MG), a prefeitura foi informada que não foi feita a transferência do bem à União. Uma notificação do tombamento então foi enviada ao órgão para que este regularize a situação da Estação. “No momento aguardo resposta dos dois órgãos, SPU/MG e escritório da RFFSA. Está em andamento o processo de contratação emergencial para execução das obras, faltando a emissão do orçamento dos serviços para realizarmos a contratação”, disse a secretária Mônica Debs.

Como funciona o tombamento
Qualquer cidadão pode pedir o tombamento de um bem material (igrejas, casas, praças, escolas, rios, nascentes, imagens, documentos, etc) ou o registro de um bem imaterial (celebrações, manifestações culturais e religiosas, etc). O tombamento não priva o dono do bem, que pode alugá-lo, vendê-lo e até moderniza-lo, desde que sejam respeitados os motivos que resultaram no processo e resguardadas as características originais. Se o bem estiver com algum problema estrutural e o proprietário provar que não tem condições financeiras de solucioná-lo, pode entrar em contato com o Comphac, mas a responsabilidade primeira é do dono do imóvel. Por Núbia Mota

Bens tombados de Uberlândia
Igreja Nossa Senhora das Dores – 2009
Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 1985
Escola Estadual de Uberlândia (Museu) – 2005
Igreja de Nossa Senhora do Rosário – Miraporanga – 1968
Escola Estadual Dr. Duarte Pimentel de Ulhôa – 2006
Praça Tubal Vilela – 2004
Estação Ferroviária Sobradinho – 2006
Palacete Ângelo Naguettini – 2006
Casa da Cultura – 1985
Oficina Cultural – 1985
Biblioteca Municipal – 2009
Conjunto Praça Clarimundo Carneiro, Edifício da Câmara Municipal e Coreto – 1985
Mercado Municipal – 2002
Residência Chacur – 2003
Uberlândia Clube – 2006
Igreja Espírito Santo do Cerrado (Tombamento aprovado pelo Iepha em 1997)
Imagem de Nossa Senhora do Carmo – 2007
Festa do Congado – 2008
Sede do Círculo de Trabalhadores Cristãos de Uberlândia – 2010
Painéis em Mosaico de vidro Artista Geraldo Queiroz – 2011
Escola Estadual Enéas Oliveira Guimarães – 2012


Fonte: http://www.defender.org.br/uberlandiamg-educacao-patrimonial-foca-em-novas-geracoes-para-manter-memoria/















A casa da Adelia, a construção mais antigo de Uberlândia, em registro antes de ser demolida.















Estação do Sobradinho aguarda transferência para União para completar processo de tombamento.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Abre, biblioteca!

Enquanto Manaus convive com situação de abandono do patrimônio histórico, um movimento pacífico surge para cobrar as autoridades, que seguem descumprindo seus próprios prazos

Gabriela Nogueira Cunha

Quanto reboliço um abraço é capaz de provocar?  Em Manaus, o gesto causou um bocado, quando um grupo de pessoas realizou um ato de protesto (e saudade) em pleno centro histórico da capital amazonense. Em meados de julho passado, organizadores e simpatizantes de um movimento que ficou conhecido como “Abre Biblioteca” – pela devolução da Biblioteca Pública do Estado à sociedade – resolveram abraçar o monumento e, assim, questionar o descumprimento de prazos, bem como o descaso e a irresponsabilidade dos governantes para com o patrimônio histórico.
Procurada pela Revista de História em agosto, a Secretaria Estadual de Infraestrutura – responsável pelas obras na biblioteca fechada há mais de cinco anos – justificou o atraso e estabeleceu novos prazos. Segundo a assessoria de imprensa, o problema estava no telhado, que não ficou pronto a tempo: “As telhas originais da biblioteca não são mais fabricadas. Foi preciso providenciar um novo molde para a fabricação de 15.000 novas telhas, fiéis ao modelo do século passado”. Passados alguns meses, o panorama continua o mesmo: portas fechadas. Mas os manifestantes não mostram sinais de cansaço.
A data prevista para devolução do prédio é, ou pelo menos era, dia 30 de outubro. No entanto, a bibliotecária Soraia Magalhães, líder do movimento que promoveu o abraço coletivo meses atrás, teme que o prazo seja descumprido novamente e já planeja novas ações para a data. “Desde que começamos a mobilização e abraçamos a Biblioteca Pública, outros grupos começaram a se mobilizar, um grupo abraçou o Mercado Municipal, entre outros locais. Dia 15, deste mês, fizemos uma arte nos tapumes [da biblioteca], visando lembrar o poder público de que a data se aproxima. Agora a ideia é gerar mais visibilidade”.

Gerando visibilidade
O movimento “Abre Biblioteca” deu o ar de sua graça pela primeira vez durante uma bienal do livro, com uma coleta de assinaturas, em abril. Nada mais propício. A doutoranda em artes Evany Nascimento – que se sente particularmente prejudicada pela situação, já que sua pesquisa depende de periódicos que pertencem ao acervo da biblioteca – conta que foi por volta desta data que se juntou ao grupo de manifestantes, quando foram criadas petição online e páginas no Facebook e a coisa começou a ganhar forma. Hoje, mais de 2 mil pessoas já aderiram ao movimento e pelo menos 4 mil o acompanham nas redes sociais. “Aqui em Manaus a adesão tem sido boa nas internet, o abraço teve o maior público. As pessoas estão vendo vários prédios fechados e ninguém faz nada, ninguém cobra nada, ninguém dá uma posição. Então eles veem no ‘Abre Biblioteca’ uma chance”.
Outro manifestante que não vê a hora de voltar para a Biblioteca Pública do Estado é Thiago Siqueira, estudante de Biblioteconomia da Universidade Federal do Amazonas e um dos fundadores do movimento pela reabertura do prédio histórico. Suas inquietações a respeito da pouca atenção que é dada à leitura o levaram a entrar em contato com Soraia, sua antiga professora da faculdade, e juntos eles criaram o então desconhecido movimento. É claro que a beleza abandonada do prédio entristece, mas as preocupações vão além disso: “O que mais me afetou com o fechamento da biblioteca é o fato de saber que os alunos das escolas públicas próximas ficaram órfãos de um ambiente de estudo adequado e de material para consulta; das poucas escolas que possuem bibliotecas, raramente elas conseguem suprir a necessidade desses usuários”.
Para marcar a possível data em que o prédio finalmente será entregue, de volta, à população amazonense, a quem ele pertence de fato, uma comemoração daquelas foi planejada. A expectativa é grande, pois a hipótese de mais um prazo queimado paira sobre as cabeças dos responsáveis pelas manifestações, mas eles ainda preferem o otimismo.  “Sempre que possível fazemos alguma mobilização para que a Biblioteca não caia no esquecimento do povo. Mas se não for reaberta, vamos intensificar as atividades, sempre de cunho cultural. Como foram o “Biblioteca Vai à Rua” e o “Mural Abre Biblioteca”, onde fizemos colagens e arte de grafite com a temática para incentivo a leitura nos tapumes. A sociedade amazonense merece ter acesso à informação e cultura, já!”, conclui o estudante Thiago Siqueira.
Se não forem cumpridos os prazos, a festa se transforma em mais um ato de protesto e eles prometem fazer barulho.

Outros patrimônios em perigo
Por muito tempo o Amazonas sofreu com a falta de um porto amplo na capital, que só veio a ser construído entre 1869 e 1910, para dar suporte à crescente exportação de borracha. O prédio onde hoje funciona o Museu do Porto data de 1905 e é tombado pelo Iphan, como todo o conjunto arquitetônico portuário. Mas “funciona” não é bem o termo. O museu está fechado há seis anos, com parte do acervo trancado lá dentro. São cerca de 300 peças ligadas à história do comércio e das atividades portuárias desde o início do século XX.
O porto encontra-se atualmente sob a tutela da União, que reassumiu a condição de Autoridade Portuária, após um período nas mãos da Administração do Porto Privatizado de Manaus. Segundo Luciano Moreira, especialista em infraestrutura do Ministério dos Transportes, que trabalha no agora Porto Público de Manaus, o acervo não corre riscos, mas ainda não há solução para o problema do prédio “abandonado”: “Estamos numa fase de transição. Estamos tratando de alguns assuntos para os quais não temos solução definida. O museu é um desses assuntos”.
Construído no século XIX, período áureo da borracha, o Mercado Municipal Adolpho Lisboa não fica atrás em matéria de prazos vencidos: fechado há mais de seis anos, tem as obras repetidamente paralisadas pelo Iphan. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério Público do Amazonas, desde 2008 tramita um inquérito para apurar as condições de funcionamento da feira ao lado do Mercado. A situação é intrigante, já que os comerciantes tiveram que sair justamente por causa das obras. Uma inspeção realizada em maio deste ano ainda encontrou irregularidades na execução da reforma.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura, por meio de sua assessoria, disse não ter conhecimento do processo envolvendo os feirantes, mas afirmou que as obras devem ser concluídas ainda este ano e explica a lentidão: “Trata-se de espaço do século passado, que precisa de mais cuidado”.

Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/abre-biblioteca


















terça-feira, 23 de outubro de 2012

Salvemos os índios Guarani-Kaiowá - URGENTE!

Por que isto é importante:

Leia, abaixo, carta de socorro da comunidade Guarani-Kaiowá. Os índios da etnia Guarani-Kaiowá estão correndo sério risco de GENOCÍDIO, com total omissão da mídia local e nacional e permissão do governo. Se você tem consciência de que este sangue não pode ser derramado, assine esta petição. Exija conosco cobertura da mídia sobre o caso e ação urgente do governo DILMA e do governador ANDRÉ PUCCINELLI, para que impeçam tais matanças e junto com elas a extinção desse povo. CARTA:

"Nós (50 homens, 50 mulheres, 70 crianças) comunidades Guarani-Kaiowá originárias de tekoha Pyelito kue/Mbrakay, vimos através desta carta apresentar a nossa situação histórica e decisão definitiva diante de despacho/ordem de nossa expulsão/despejo expressado pela Justiça Federal de Navirai-MS, conforme o processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, em 29/09/2012.

Recebemos esta informação de que nós comunidades, logo seremos atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal de Navirai-MS. Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver na margem de um rio e próximo de nosso território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay.

Assim, entendemos claramente que esta decisão da Justiça Federal de Navirai-MS é parte da ação de genocídio/extermínio histórico de povo indígena/nativo/autóctone do MS/Brasil, isto é, a própria ação da Justiça Federal está violentando e exterminado e as nossas vidas. Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça Brasileira.

A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas?? Para qual Justiça do Brasil?? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados 50 metros de rio Hovy onde já ocorreram 4 mortos, sendo 2 morreram por meio de suicídio, 2 morte em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas. Moramos na margem deste rio Hovy há mais de um (01) ano, estamos sem assistência nenhuma, isolada, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Tudo isso passamos dia-a-dia para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay.

De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali estão o cemitérios de todos nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser morto e enterrado junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação/extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais.

Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal, Assim, é para decretar a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e para enterrar-nos todos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem morto e sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo de modo acelerado. Sabemos que seremos expulsas daqui da margem do rio pela justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo/indígena histórico, decidimos meramente em ser morto coletivamente aqui. Não temos outra opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.''

Via Miguel Maron

Via Marina Soucasaux Mendes


Cinco Mil cruzes são cravadas no coração da capital do paíz em um gesto de visibilizar o genocído cometidos pelos tres poderes contra os povos indígenas em especial o Povo Guarani Kaiowa.



Rio Pardo/RS – Museu fecha as portas aos visitantes

Mais um prédio histórico de Rio Pardo está com as portas fechadas para visitação. As condições precárias do sobrado mais antigo do município – conhecido como Solar Almirante Alexandrino – fizeram com que o Museu Histórico Municipal Barão de Santo Ângelo tivesse de suspender a entrada de visitantes. A situação se estende há duas semanas e se agravou com a chuva dos últimos dias. A tendência é que esta semana o espaço continue fechado para o público. Os funcionários fazem expediente interno.
Na tentativa de amenizar o problema com as goteiras, uma equipe da Prefeitura de Rio Pardo trabalha para executar reparos no piso e no forro do museu. Com a chuva de ontem, a coordenadora Aida Ferreira precisou levar baldes para as goteiras e material para proteção do acervo. Um dos locais mais atingidos pelas consequências da chuva é a senzala, que fica completamente úmida com as infiltrações. “O prédio está muito danificado. A gente conserta de um lado e aparece um problema de outro”, lamenta.
Aida acredita que a estrutura do museu atingiu tamanha precariedade porque não houve manutenção periódica. “O prédio tem mais de 200 anos. Sem a manutenção não há como resistir, pois não foi feito para durar a vida inteira”, justifica. Para complicar ainda mais, o imóvel está infestado de cupim e tomado por rachaduras. O museu precisa de restauro completo, mas de imediato é necessária a troca das telhas.
Como o sobrado é de propriedade da União, a Prefeitura tem dificuldades para inscrever projetos e buscar possíveis recursos para a restauração. A administração municipal também não pode efetuar obras que possam causar mudanças estruturais no prédio. Por Marília Gehrke

Fonte: http://www.defender.org.br/rio-pardors-museu-fecha-as-portas-aos-visitantes/















Falta de manutenção periódica contribuiu para a deterioração da estrutura bicentenária no Centro. Foto: Rodrigo Assmann

sábado, 20 de outubro de 2012

São Paulo – Patrimônio artístico-cultural possui catálogo online

O programa Patrimônio em Rede promove um inventário das obras de arte do acervo artístico-cultural do governo do Estado que estão dispostas em secretarias, autarquias e fundações estaduais, na capital, no interior e no litoral.
Por meio do sistema de Gerenciamento Eletrônico, o patrimônio artístico é integrado em um catálogo eletrônico, permitindo o gerenciamento, a conservação e a difusão desse material. A partir de 23 de outubro, funcionários dos municípios de Franca e Presidente Prudente participarão de oficinas de capacitação para a inserção de informações nesse sistema.
As cidades de Marília, Ribeirão Preto, Registro, Santos, Campinas, São Carlos, São José dos Campos, Sorocaba, São Paulo, Araçatuba, São José do Rio Preto, Barretos e Bauru serão as próximas a receber as oficinas.
Além do material de apoio, distribuído durante as oficinas, os participantes contam com um canal de comunicação, a Célula de Inovação do Município – Rede CIM, rede social que promove o debate sobre gestão e políticas públicas. Mais informações podem ser obtidas no site - http://eventos.cepam.sp.gov.br/patrimonioemrede/

Fonte:  http://www.defender.org.br/sao-paulo-patrimonio-artistico-cultural-possui-catalogo-online/


Rio Grande/RS – Obras de restauro aproximam-se do fim

As obras de recuperação do prédio histórico da Prefeitura do Rio Grande, iniciadas em janeiro de 2009, estão chegando ao fim. Conforme o arquiteto Willian Pavão Xavier, responsável pelo projeto de restauro do imóvel construído em 1824, estão em fase final a aplicação de resina acrílica no assoalho, os acabamentos do reboco e a pintura da fachada voltada para a rua General Neto, incluindo a realização do mesmo serviço no parlatório nela existente. Também falta pintar uma parte da fachada voltada para o pátio. As calçadas estão praticamente prontas.
Concluídos estes serviços, será feita demolição das garagens existentes no pátio, a reposição dos paralelepípedos nesta área e recuperação do portão de entrada, segundo o mestre da obra, Ilton Teixeira Almeida. A previsão é de que as obras sejam concluídas no final deste mês ou no início de novembro. Pavão Xavier disse que o restauro do imóvel, que foi parcialmente destruído por um incêndio ocorrido em abril de 2006, já poderia ter sido terminado, mas as chuvas atrapalharam a realização do serviço na parte externa. O trabalho na parte interna foi possível prosseguir.
Apesar de ainda faltarem alguns serviços, o prédio já está com novo visual e até recebendo a mobília nova. O mobiliário adquirido pela Prefeitura de uma empresa paranaense já está sendo montado e colocado nas salas a que se destinam, trabalho que deve ser terminado nesta sexta-feira. O projeto do restauro do Paço Municipal foi orçado em R$ 3,7 milhões e dividido em quatro etapas.
A primeira e a segunda etapas foram realizadas com verba repassada por várias empresas do Rio Grande. A partir do final de junho de 2010, a restauração do prédio histórico passou a ser feita com recursos provenientes de apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que, no total, é de R$ 2,2 milhões. As obras de recuperação do prédio histórico são realizadas com recursos captados através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Escada de mármore
Depois que os serviços restantes foram concluídos, o prédio estará pronto para voltar a ser ocupado. No entanto, ainda faltarão dois trabalhos a serem feitos para que se possa dizer que foi totalmente recuperado: o restauro da escada de mármore e das escariolas da janela grande do fundo da escada e de suas paredes laterais.
Pavão Xavier relatou que foi discutida com o diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), arquiteto Eduardo Hahn, a medida a ser adotada em relação à escada. Isso porque como o mármore foi destruído no incêndio, havia duas alternativas: tentar reconstituí-la com suas características originais ou não, já que há posicionamento de que depois de ocorrida a perda não há motivo para ser feito um cenário novo. O diretor do Iphae entendeu que ela deveria ser restaurada.
Como essa decisão invoca pesquisa de mármores na Itália, para encontrar um veio mais próximo do usado originalmente na escada, não há recursos no projeto atual. Portanto, o Iphae pediu novo projeto, específico para a recuperação da escada e das escariolas, a ser encaminhado à Lei de Incentivo à Cultura (LIC) do Estado, para busca de recursos à sua execução. E enquanto isso, uma escada funcional a substitui para dar possibilidade de uso do prédio. Por Carmem Ziebell

Fonte: http://www.defender.org.br/rio-granders-obras-de-restauro-aproximam-se-do-fim/

















Últimos serviços incluem acabamentos do reboco e a pintura da fachada voltada para Neto. Fotos: Leandro Carvalho

São José dos Pinhais/PR – Prefeitura digitaliza acervo histórico com 40 mil fotos

A Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais procura preservar o acervo histórico de imagens da cidade, digitalizando cerca de 40 mil fotos (20 mil da Secretaria de Comunicação e 20 mil do Museu Atílio Rocco de SJP). O objetivo de digitalizar imagens históricas é preservar a original, sem utilizá-las ou precisar folhear as fotos, e tornar a busca por esses materiais mais fácil e prática.
A historiadora Maria Angélica Marochi e a especialista em Museologia e Conservação, Josele Penteado, que fazem parte da comissão de acervo do Museu, destacam que a medida democratiza a o acesso à cultura da cidade. “Assim, preservamos as fotos originais, que fazem parte do nosso patrimônio histórico, e as digitalizadas ficam mais acessíveis para a comunidade interessada em conhecer essas imagens” relatou a historiadora Maria Angélica.  A empresa responsável, Sinax, levou cerca de 20 mil imagens históricas do Museu no dia 9 de agosto para começar o processo de digitalização. Imagens da Secretaria Municipal de Comunicação já estão disponíveis no acervo.
A preservação do verdadeiro patrimônio histórico de São José dos Pinhais é uma determinação do prefeito Ivan Rodrigues. Desde o início da atual gestão, em 2009, a Prefeitura já reformou e revitalizou a histórica caixa d’água da Praça Getúlio Vargas, iniciou as obras do antigo Centro de Vivência Senegaglia, primeira fábrica da cidade que se tornará um complexo cultural com um teatro para 102 pessoas, e já encerrou projeto de revitalização do prédio da Biblioteca Scharffenberg de Quadros, que passará a ser um centro de informações turísticas. A Prefeitura também criou anteprojeto de lei que dá incentivos fiscais a quem financiar reformas de imóveis históricos tombados por órgão federal, estadual ou municipal em São José dos Pinhais.

Fonte:  http://www.defender.org.br/sao-jose-dos-pinhaispr-prefeitura-digitaliza-acervo-historico-com-40-mil-fotos/















Imagens digitalizadas do acervo da Secretaria Municipal de Comunicação. Foto: PMSJP

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Zaha Hadid e Herzog & de Meuron estão entre os finalistas de concurso para reforma de estação de Melbourne



Zaha Hadid e o escritório Herzog & De Meuron estão entre os seis finalistas na competição internacional para restauração da estação Flinders Street na região metropolitana em Melbourne, na Austrália. Os aprovados para a próxima fase foram anunciados pelo Ministro de Grandes Projetos, Denis Napthine, no último domingo (14).
O concurso tem como objetivo repensar a função da estação de transportes, os requisitos do patrimônio histórico e o seu contexto no desenho urbano.
Para participar da competição, os escritórios de Zaha Hadid e Herzog & De Meuron se associaram aos locais BVN Architecture e Hassell, respectivamente. Eles concorrem com os escritórios: Ashton Raggatt McDougall (Melbourne); NH Architecture (Melbourne) John Wardle Architects (Austrália) + Grimshaw (Reino Unido) e Eduardo Velasquez , Manuel Pineda e Santiago Medina, colombianos da Universidade de Melbourne.
Na próxima etapa da competição, que se encerrará no dia 4 de julho de 2013, os candidatos devem desenvolver seus projetos e participar de diversos briefings técnicos e workshops.



O "Pritzker 2012": Wang shu

O arquiteto chinês Wang Shu venceu o prêmio Pritzker de Arquitectura 2012. Pouco conhecido fora do seu país, Wang Shu mostra, com a sua obra, que o que se constrói na China "é mais do que a produção em massa da banalidade", como disse um dos membros do júri.

A atribuição deste prêmio tem que ver com o emergir da China, o que não deixa de surgir em jeito de crítica porque, quando se olha para a obra de Wang Shu, percebe-se a diferença que ele marca no contexto chinês, pautado pela espectacularidade e massificação. A obra de Wang chega mesmo a ser arcaica, dada a proximidade que o seu trabalho tem com o do artesão.
O Prêmio Pritzker, fundado em 1979 por Jay A. Pritzker e pela sua mulher, Cindy, é uma honra anualmente concedida a um arquiteto vivo cuja obra construída demonstre uma combinação de talento, visão e comprometimento. O laureado recebe um prémio de 100 mil dólares e uma medalha de bronze. Este ano, a cerimônia formal do conhecido "prémio Nobel da Arquitectura" terá lugar no país mais populoso do mundo, na cidade de Pequim, no dia 25 de maio, e o galardoado, o arquitecto chinês Wang Shu, vai, por isso, sentir-se bem em casa.
Mas nada disto é "por acaso". Antes se encaixa na perfeição com o espírito dos nossos tempos. Quando o júri anunciou a decisão, as afirmações de Pritzker não podiam ser mais elucidativas: “O facto de um arquitecto chinês ter sido seleccionado representa um passo significante para perceber o papel que a China terá no desenvolvimento dos ideais arquitectónicos. Além disso, durante as últimas décadas, o sucesso da urbanização chinesa será importante tanto para o país como para o mundo. Essa urbanização, como a urbanização em todo o mundo, precisa de estar em sintonia com a cultura e as necessidades locais. As oportunidades sem precedentes para o planeamento e desenho urbano possibilitadas pela China deverão estar em harmonia tanto com a sua longa e única tradição do passado como com as suas (e de todo o mundo!) futuras necessidades para o desenvolvimento sustentável.”
Arquiteto e Professor, Wang Shu nasceu em 1963, em Urumqi, uma cidade na região de Xinjiang, a província mais ocidental da China. O sr. Shu recebeu o seu primeiro diploma em arquitectura em 1985 e apresentou a sua dissertação de mestrado em 1988, ambos no Nan Nanjing Institute of Technology.
Em 1997, fundou com a mulher, Lu Wenyu, o Amateur Architecture Studio em Hangzhou, China. O nome do escritório baseia-se na espontaneidade, nas capacidades artesanais e em tradições culturais fortemente reflectidas nas obras deste arquitecto. Wang Shu passou vários anos a trabalhar em construções de obras (sobretudo na recuperação de casas antigas) para aprender os seus pressupostos e técnicas mais básicas. Por isso,o seu processo de criação assenta numa experimentação que busca, em cada obra, uma combinação única de conhecimento do tradicional, das táticas de construção experimentais e de pesquisa intensiva injectada pela sua consciência ecológica. É isto que define a base para os projetos de arquitetura do estúdio. Wang Shu não é, definitivamente, um arquitecto do starsystem..
Ao invés de olhar para o Ocidente em busca de inspiração, como muitos dos seus contemporâneos, Wang Shu encontra-a nas suas raízes e no contexto da história e culturas chinesas. A obra deste arquiteto, pouco conhecido além das fronteiras do seu país (aliás, tal como o vencedor do Pritzker de 2011, o português Eduardo Souto Moura), tem pouco de espetacular e é, no fundo, um pouco arcaica. O próprio confessa que gosta mesmo é de trabalhar com artesanato, com liberdade e ritmo à sua medida, explicou ao “Le Courrier de l’Architecte”. Veja-se que Wang Shu tem uma relação muito próxima com o trabalho dos artesãos: filho de um músico e carpinteiro amador e de uma professora, parecia destinado a ser artista plástico ou escritor. Escolheu a arquitetura. Aproveitando este mix, Wang Shu consegue transcender o debate em torno do recente processo de urbanização na China desenvolvendo uma obra intemporal e perene. Yung Ho Chang, professor de arquitectura no MIT School of Architecture and Planning, nos EUA, confirma esta ideia: "a obra de Wang mostra que a arquitectura na China é mais do que a produção em massa da banalidade que responde ao mercado e de reproduções do exótico."
O arquiteto chinês justificou o gosto pelo antigo e pela renovação com palavras que revelam um casamento da arquitetura do passado com a do futuro: “Eu sei que existia algo antes de mim, os meus edifícios vêm de algum lado”.
As abordagens de Wang Shu inserem-se plenamente naquele "tipo" que, ultrapassando a visão redutora do arquiteto enquanto criador das formas estéticas, superam também o estatuto técnico, agindo de forma reativa à realidade, invocando para a arquitetura, enquanto área que se situa entre a resolução técnica e a expressão cultural, uma responsabilidade especial enquanto ator social. Só desta forma poderá a arquitetura manter uma flexibilidade e relevância crítica enquanto participante nas dinâmicas culturais e sociais do mundo.
As suas obras mais conhecidas são a Biblioteca do Colégio Wenzheng, em Suzhou University (em 2004, a biblioteca recebeu o Prémio de Arquitetura Arte da China),o Museu de Arte Contemporânea de Ningbo e cinco casas espalhadas também em Ningbo (que que lhe valeram o Holcim Award para a categoria da "Construção Sustentável na Ásia-Pacífico"). Na mesma cidade, completou o Museu de História, em 2008 e, em Hangzhou, fez a primeira fase do Campus Xingshan da Academia de Arte da China em 2004, terminando a segunda fase em 2007.

 Fonte: http://obviousmag.org/archives/2012/04/o_pritzker_2012_wang_shu.html




Museu de Arte de Ningbo


Campus Xiangshan da Academia de Arte da China
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Biblioteca do Colégio Wenzheng
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ningbo Tengtou Case Pavilion