quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Um palácio para a cultura?

Inaugurado em 1947, o Palácio Gustavo Capanema, expoente da arquitetura moderna brasileira, será restaurado ao custo de R$ 50 milhões e pode virar centro cultural.

O Palácio Gustavo Capanema está próximo de se tornar um novo centro cultural para o Rio de Janeiro. Políticos se reuniram na última semana com a ministra da Cultura, Marta Suplicy, para discutir a restauração do edifício, marco da arquitetura moderna brasileira. O encontro foi no próprio prédio, localizado no Centro da cidade. A bancada fluminense na Câmara Federal apresentou uma proposta para destinar R$ 50 milhões à recuperação da estrutura.

Construído para ser sede do então Ministério da Educação e Cultura (MEC), o prédio foi projetado na década de 1930 e inaugurado em 1947, por concepção dos maiores expoentes do movimento Modernista no Brasil. Trabalharam juntos Lucio Costa, Carlos Leão, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Ernani Vasconcellos e Jorge Machado Moreira, com consultoria do arquiteto franco-suíço Le Corbusier.
O deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ), que apresentou a emenda e articulou a bancada fluminense para sua aprovação, vê possibilidade de ampliar o acesso do público ao palácio após a restauração. “Defendo que o Capanema abrigue não só um centro cultural, mas também espaço para experimentação, uma possível escola de artes. Artes visuais, dramáticas, salas pequenas de cinema, para um circuito não comercial”,  comenta o político. “Temos muitas contribuições importantes que poderiam ser oferecidas neste espaço sensacional”, garante.
O pesquisador João Masao Kamita, professor de arquitetura da PUC-Rio, afirma que é preciso ter calma. Ao se adaptar um prédio para outros fins, muito tem que ser levado em conta: “Tudo precisa ser bem discutido. Ele foi concebido para ser administrativo, institucional, então ele tem uma ideia de arquitetura ligada a essa finalidade”. “Às vezes, para garantir um maior uso, você sacrifica a glória da arquitetura. Ele merece ser restaurado, porque está muito mal cuidado, mas é preciso envolver a comunidade de arquitetos e de pessoas da cultura para discutir como adaptá-lo ao novo uso. Pode ter toda boa intenção do mundo, mas precisa discutir”, sugere Kamita, para quem o Palácio Capanema é “o mais importante monumento da arquitetura moderna brasileira”.
Molon, no entanto, acredita que o uso atual do edifício é um desperdício de seu potencial. “Hoje ele abriga funcionários do Ministério da Cultura, já abrigou do MEC, é depósito de material do Iphan, da Biblioteca Nacional. Não faz sentido um prédio desse tamanho, com essa importância histórica, ser usado como depósito”, critica. A afirmação é um pouco controversa. O terceiro andar, por exemplo, dedicado à Divisão de Música da Biblioteca Nacional, funciona também como centro de pesquisa. Ali está abrigado um dos maiores acervos de música e dança do país, que pode ser consultado pelo público no horário comercial: são mais de 220.000 itens, entre livros, manuscritos, fotografias, partituras, discos de vinil, fitas cassete e CDs. Além de uma sala para reprodução de material em áudio, que conta até com um piano para livre utilização do visitante.
 Para Molon, um museu seria uma boa saída para o Capanema. “O objetivo é usar este espaço para cultura. Quem sabe instalar um Museu da Educação Brasileira, contando como as propostas educacionais foram sendo construídas, apresentando grandes educadores, como Anísio Teixeira, Paulo Freire?”, especula.
No início do ano, o Iphan informou que faria uma restauração no palácio ao custo de R$ 12 milhões. O edital estava previsto para ser lançado em outubro, mas atrasos impediram. A previsão - otimista - agora é para meados de 2013. Os recursos planejados, portanto, não foram aplicados.
Ao longo deste ano o instituto realizou o inventário de todos os bens móveis, obras de arte e danos do prédio. No entanto, a instituição não soube informar se há uma conexão entre a reforma planejada no início do ano e aquela pensada pelos deputados. Apesar da desconexão inicial, a certeza do Iphan é que a obra planejada pela Câmara não acontecerá sem que antes passe pelo seu crivo.

Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/um-palacio-para-a-cultura





















Palácio Gustavo Capanema foi projetado para ser sede do MEC

 

Documentário sobre as comemoraçõess dos 60 anos do Palácio Gustavo Capanema com performaces de diversos artistas como Marcos Chaves, JoséBechara, entre outros, numa festa organizada peli Centro de Artes Visuais da Funarte

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