segunda-feira, 18 de junho de 2012

IPHAN lança livro sobre tombamento de templos afro-brasileiros

A valorização das casas de terreiros e de religiões de matriz africana, a partir do processo de tombamento representou um marco para a história da cultura no país e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foi quem deu inicio a essa era de reconhecimento a um território antes ignorado. Essas casas perfazem grande parte da origem africana tão presente na Bahia, se tornando monumentos do sagrado, que devem ser preservados. “Eles, os terreiros, carregam, de um lado a outro do oceano, a sacralidade, o testamento das pequenas áfricas – monumentais como o continente negro”, diz o superintendente do Iphan-Ba, Carlos Amorim. Esse universo é descrito na obra O Patrimônio Cultural dos Templos Afro-Brasileiros (ed. Oiti – 238 páginas) que será lançado na próxima quinta-feira, dia 14 de junho, das 17 h às 21h, na Casa Berquó, Barroquinha, sede do Iphan.

“A preservação de templos e locais sagrados da cultura afro-brasileira é coisa recente e se limitou, nos últimos 25 anos, à inscrição nos livros de tombo oficiais, malgrado o imperativo de se mover uma discussão profunda sobre o tema”, destaca Amorim. O significado da preservação começa com o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, primeiro templo afro-brasileiro tombado como patrimônio histórico e etnográfico do Brasil, no ano de 1985. Em seguida mais cinco terreiros da Bahia e um do Maranhão foram inscritos no acervo dos bens culturais do Brasil.
O livro O Patrimônio Cultural dos Templos Afro-Brasileiros traz textos apresentados por um elenco significativo de peritos, professores, técnicos, especialistas em políticas de preservação cultural, africanistas e estudiosos das religiões de matriz africana, tendo a forte participação do povo de santo.
As apreciações foram originadas no Seminário Internacional Políticas de Acautelamento do Iphan para Templos de Cultos Afro-Brasileiros, evento que teve a participação de três universidades nacionais: a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Além disso, contou com a colaboração da Université d’Abomey-Calavi, da República do Benin e dois institutos de pesquisa franceses, o Centre d’Études Africaines, vinculado ao Instituto Recherche pour lê Développement e à École des Hautes Études en Sciences Sociales, e o Centre d’ Études des Mondes Africains, vinculado ao Centre National de la Recherche Scientifique.
A obra trata desde o tombamento dos terreiros no âmbito do Iphan às questões mais específicas no vasto mundo que envolve a temática, a exemplo da especulação imobiliária e a ocupação urbana desordenada, sendo citados como alguns dos problemas que afetam as áreas de uso dos cultos.
A estética do livro chama a atenção pelas fotos dos terreiros tombados e ilustrações de Carybé. A coordenação editorial é de Bete Capinan. A capa é de Humberto Vellame com fotos do Terreiro da Casa Branca, de Orlando Ribeiro. O livro será distribuído pelo Iphan, durante o lançamento.



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