quinta-feira, 15 de março de 2012

Prédio velho para quê? Para quem?

Reproduzo aqui, um excelente texto do blog Die Zeit sobre preservação de prédios antigos!

Neste momento de rápida expansão dos centros urbanos e acelerado crescimento econômico e comercial, a imagem de grande parte das nossas cidades é de pujança e desenvolvimento. Prédios cada vez mais altos são erguidos, e aquelas casas centenárias, que às vezes parecem que sempre estiveram por ali, desaparecem.

Com elas, desaparece também um pouco da identidade de um povo. Muitos, ao visualizar a demolição de um casarão, espantam-se. Alguns chegam até a sentir-se pessoalmente agredidos! No geral o cidadão, mesmo o mais simples, sente que há algo errado. É um pouco da própria cidade que desaparece.

Mas por fim, muitos conformam-se. "É o progresso!", defendem alguns incautos, esquecidos de que tal tipo de ufanismo remonta à décadas e já demonstrou suas tristes consequências. Então, tudo isso "é triste, mas o que fazer?" conclui a sociedade, conformada. Esta passividade alinha-se perfeitamente a toda "deseducação" que sempre recebeu, contínua e ininterruptamente, e que leva a apenas buscar o mercado de consumo, e não a cidadania e uma vida plena.

E afinal, o que se pode fazer? Na verdade, pode-se fazer MUITO. Pode-se, através de inventário assessorado por um órgão competente, definir e levantar as edificações importantes para a cidade. Mais do que isso: a sociedade pode e deve participar deste processo, tanto provocando seu acontecimento, quanto opinando a respeito dos bens em que se enxerga e se identifica.

Mas e depois? "Quem vai pagar pra restaurar essas casas caindo aos pedaços"? Uma vez definidas as edificações importantes através dos estudos, a regulamentação local se faz imediatamente necessária. É esta regulamentação que irá gerir, caso a caso, como os problemas serão resolvidos. Fundos municipais, programas de restauração, financiamentos e projetos culturais são algumas das possibilidades, que devem ser buscadas de acordo com o problema.
Por onde começar? Por tudo! Não existe um roteiro definido. Patrimônio cultural é um conceito social, coletivo e principalmente, PLURAL. Todas as iniciativas precisam levar essa diversidade em conta.

Projetos de educação patrimonial envolvendo todos os tipos de artes, debates e conversas, fóruns de discussão, rodas de memória, são apenas algumas possibilidades de atuação da própria sociedade civil. Junto a isso, a implementação da política local de patrimônio, a intensa fiscalização por parte da comunidade aliada ao Ministério Público e embasada em toda legislação existente, a valorização acadêmica através de pesquisas, a valorização do acervo da cidade através de restaurações e projetos de novos usos...

As possibilidades, enfim, são muitas. Quem ganha é a cidade, em qualidade de vida e manutenção da sua identidade. Basta que todos saiam do comodismo, da conformação com a situação atual e falta de perspectivas, em busca de respostas para a pergunta: por onde posso começar?

Jorge Luis Stocker JR.

Fonte: http://dzeit.blogspot.com/2012/03/predio-velho-para-que-para-quem.html


Prédio de 1887 em Encruzilhada do Sul!Quase em ruínas!Testemunha da memória local!

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