terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Revitalização Econômica de Jaguarão - RS

“A ‘Ouro Preto’ do Sul” é como o jornalista e historiador Eduardo Souza Soares gosta de definir sua terra natal, Jaguarão, cidade do Rio Grande do Sul que faz fronteira com o Uruguai. Nada, porém, que remeta às formas barrocas da cidade mineira. Em Jaguarão prevalece uma arquitetura tão eclética quanto vasta, com direito a um inventário de mais de 700 construções tombadas como patrimônio nacional, sem contar a Ponte Internacional Barão de Mauá, primeiro monumento binacional tombado. A comparação, no caso, remete à abrangência da preservação e à esperança de revitalização econômica da região a partir do patrimônio histórico, que vem sendo reformado com o aporte de mais de R$ 6 milhões do governo federal. Não à toa, o Iphan pretende instalar por lá um escritório técnico, a fim de cuidar da preservação de Jaguarão e de outras quatro cidades do sul gaúcho.

Para chegar até lá, se avança por 390 quilômetros desde Porto Alegre, atravessando uma paisagem sem fim de pradarias, pampas e bosques. Jaguarão se anuncia como uma cidadezinha ainda no século XIX: casas multicoloridas com no máximo três andares. O único sinal de trânsito das ruas, além de ponto de referência, define a calmaria predominante de uma região de rica história. Lá, o orgulho gaúcho toma proporções ainda maiores, baseado numa história recheada de lembranças heroicas.

Na última semana, o presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, e a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, estiveram na região visitando as obras de restauração. A expectativa é de que as reformas sejam concluídas até 2013. A ministra caminhou pela cidade, visitou os principais patrimônios e mostrou-se encantada com o orgulho da população pela história da região.

“A cultura tem a capacidade da transversalidade com outras áreas e também entre fronteiras, pois dialoga com os valores do cidadão, com sua história e memória. Temos de preservar, reconhecer e incentivar a diversidade cultural”, comentou.

O prefeito de Jaguarão, Cláudio Martins, explicou que a valorização do patrimônio é uma aposta na recuperação econômica da cidade.

“Não temos perspectiva de crescimento a não ser no turismo. O último censo mostrou que perdemos mais de 15% da população, justamente porque os jovens aqui não têm qualquer perspectiva. Daí a importância de valorizar a história do pampa, da fronteira, como fortalecimento da nossa identidade e atrativo turístico”, argumenta.

O presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, aposta na valorização do patrimônio como resgate econômico da região – além, principalmente, de melhorar a autoestima da população.

“Em Minas Gerais, com a derrocada econômica após o encerramento do ciclo do ouro, várias cidades do interior só se revitalizaram a partir do turismo histórico. E a região do extremo sul gaúcho tem um enorme potencial para ser explorado, que esperamos ajudar com a reforma dos monumentos após décadas de abandono”, lembra.

Texto de Felipe Sáles

Fonte Original da Notícia: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/a-ouro-preto-do-sul

Ponte Mauá - Foto: Fernando Damatti

Prefeitura de Jaguarão


Antiga Enfermaria Militar

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