sexta-feira, 13 de maio de 2011

João Luís Carrilho da Graça - Musealização de área arqueológica, Lisboa - Portugal

O arquiteto português João Carrilho da Graça é o autor do projeto que musealiza as ruínas descobertas em 1998 no Castelo São Jorge, uma fortaleza que domina uma das colinas da região central de Lisboa. O projeto foi vencedor do Prêmio Piranesi Prix de Roma 2010, prêmio concedido a projetos de arquitetura para patrimônios arqueológicos. O trabalho do arquiteto articula os remanescentes de três períodos históricos – dois palacetes islâmicos, um palácio bispal da Idade Média e um setor da Idade do Ferro.
O projeto é uma espécie de cenografia explícita e com ares de efêmera, interpretando a espacialidade das casas construídas ao redor de pátios, sendo pouco convencional para projetos de arquitetura arqueológica, mas que recebeu o apoio das arqueólogas. As paredes de aço corten equacionam as transições das cotas de nível. Os volumes brancos suspensos, com placas cimentícias,recobre as escavações das casas geminadas. Disto resulta uma grande interação da arquitetura com as ruínas, dando ao projeto o efeito de um pequeno parque, com forte apelo paisagístico.
Segundo Carrilho: “Sempre me pareceu desproporcional a relação da arquitetura com o objeto nos núcleos arqueológicos. Constroem-se belas e dispendiosas estruturas de proteção e, depois, põe-se o visitante sobre passarelas a olhar para pedras. A sensação é a de que os meios são gigantescos demais. Fazem palácios para ver o chão”.
Ao comentar sobre a visualidade ao mesmo tempo impactante e efêmera do volume branco, que toca as ruínas em apenas seis pontos, Carrilho da Graça diz que espacializou a ruína, mas de forma a parecer reversível. O conceito do projeto foi enfatizar a verticalidade dos ambientes domésticos de modo a sugerir a grandiosidade que as casas tiveram no seu tempo.
No projeto não há janelas, no seu lugar, estreitas passagens, e a cobertura filtra a luz incidente através de chapas de policarbonato com ripado. O vazio entre a parede dupla de pedra cria um tensão, que destaca a robustez da velha estrutura e a casualidade do que restou no tempo.As paredes novas seguem fielmente o traçado das antigas.
Para o arquiteto português, “Olhar para a pedra pode ter uma atração romântica, mas, para mim, vistas ao sol, elas adquirem um desenho gráfico muito bonito.”




Paredes de contenção feitas com aço corten



O Projeto fica próximo a Muralha de São Jorge com vista para o
Rio Tejo



Vista do Interior com as paredes de placas cimentícias



Vista da parte externa - as peças de aço corten servem de
contenção e também como mobiliário



Vista da ambiência do núcleo da idade do ferro

Fonte de Pesquisa: http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/joao-luis-carrilho-graca-musealizacao-lisboa-04-05-2011.html

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