sexta-feira, 17 de julho de 2009

APEAÇABENSES

Em 1943, quase passamos a ser chamados apeaçabenses, em vez de encruzilhadenses, pois, naquele ano, o governo Vargas entendeu que não deveria haver no país duas ou mais localidades com a mesma denominação.Em vista disso, não iria existir mais de uma Encruzilhada no território brasileiro.
Por essa razão, os burocratas federais resolveram que tal nome só poderia ficar com um município baiano, sob o argumento de que a referida comuna vinha com esta denominação desde o século XVI e, para a nossa Encruzilhada escolheram, arbitrariamente, o nome de Apeaçaba.
A alfadada escolha, como não deveria deixar de ser, causou indignação entre a população local e levou o prefeito municipal, Cel. Honório Carvalho, a travar um batalha com o conselho Nacional de Geografia, luta essa iniciada com um memorial enviado ao Conselho Regional e seguido de telegramas endereçados ao embaixador Macedo Soares e ao nosso conterrâneo ministro Pedro Mibielli, solicitando a interferência desses ilustres homens públicos, no sentido de que fosse mantido o nome de Encruzilhada para este município, nome vindo do tempo em que aqui acampavam os contingentes luso – brasileiros que vigiavam e combatiam os invasores castelhanos.
Com a finalidade de resolver o impasse e não descontentar baianos e gaúchos, o Dr. Leite de Castro, então secretário do Conselho Nacional de Geografia, sugeriu o nome de Encruzilhada do Sul para o nosso município, uma vez que o homônimo nortista não seria de forma alguma mudado.Para nos livrarmos do patromínico apeçabense, o negócio foi aceitar a denominação de Encruzilhada do Sul como se entende lendo o telegrama enviado àquela autoridade pelo Cel. Honório Carvalho: “resposta telegrama vossência informo aceitamos nome Encruzilhada do Sul”.
Assim, a 1º de janeiro de 1944, no antigo salão nobre da atual prefeitura, em sessão solene presidida pelo juiz de direito da Comarca, Dr. Pedro Marques da Rocha, com a presença de autoridades e pessoas gradas, depois de cantado o hino Nacional seguido pro vibrante salva de palmas, o magistrado com “voz clara e pausada”, em nome do governo do estado, confirmou para este torrão histórico, tão cheio de glórias, o nome de Encruzilhada do Sul.
Humberto Castro Fossa - Historiador
Jornal 19 de julho, 10 de julho de 1951
Texto extraído do livro:
Memória Encruzilhadense - Humberto Castro Fossa – Vol.3. Alice Therezinha Campos Moreira, Dione Teixeira Borges Moreira (org.). Porto Alegre. Evangraf - 2008

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